Após 13 dias, familiares e sobreviventes da Kiss embarcam de volta a Santa Maria

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Pedro Piegas (Diário)/
Ligiane Righi da Silva, mãe de Andrielle, morta na tragédia, recebe o abraço da sobrevivente Kelen Ferreira, que foi se despedir dos familiares

Após 13 dias intensos de apreensão e emoções à flor da pele, chegou a hora de voltar para casa. Na manhã deste domingo, cerca de 30 familiares de vítimas e sobreviventes da Kiss que acompanharam o júri em Porto Alegre embarcaram rumo a Santa Maria. O ônibus da empresa Planalto deixou o Hotel de Trânsito por volta de 10h20min. A previsão é que o grupo desembarque no coração do Rio Grande por volta de 14h30min, na frente da Catedral Metropolitana, na Avenida Rio Branco. 

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Para o presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio Silva, mesmo após a condenação dos quatro réus e a sensação de um certo alívio, o retorno a Santa Maria ainda será de muita luta:

Como foi o momento da condenação dos réus do caso Kiss

- A luta judicial segue para derrubar esse habeas corpus. Então, não vai ser muito diferente. Com certeza não caiu a ficha. A gente só sabe que aconteceu. Eles foram julgados, condenados. Mas a gente ainda não parou para assimilar a imensidão disso. Quem ganhou foi a população, a sociedade. 

Ligiane Righi da Silva, mãe de Andrielle, morta no incêndio, afirma que todo o esforço durante esses quase 9 anos valeram a pena. 

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- Dá um certo alívio. Mas, sinceramente, antes se a gente chegasse em Santa Maria e encontrasse nossos filhos lá. A diferença, agora, é que a vida da minha filha não foi em vão, e nem a morte dela. Teve pais que lutaram para que isso não caísse no esquecimento, então, tem que ter mudanças - avalia.

Entre os que voltam, está o sobrevivente Gabriel Rovadoschi Barros, 27 anos. Para ele, assim como a maioria, ainda é preciso refletir sobre os últimos dias e a decisão da última sexta-feira. 

- Preciso de alguns meses ainda para processar tudo o que eu senti nesse período, foi muito intenso. Cada turno valia por vários dias. Agora é o momento de dar uma relaxada no corpo, na cabeça, e poder viver daqui em diante. O capítulo é outro a partir de agora - disse. 

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A professora Elizete Nunes Andreatta, 58 anos, e o agricultor Darci Andreatta, 56, sairiam de Porto Alegre para voltar para Ijuí ainda pela manhã e acompanharam a despedida de outros familiares em frente ao Hotel de Trânsito. O casal perdeu o filho Ariel no incêndio da boate Kiss:

- Estar junto com outros pais é um fortalecimento para nós. Foi uma batalha vencida, mas ainda temos muito pela frente. Para mostrar para a sociedade que quem faz alguma coisa errada tem de ser penalizado e que os jovens possam sair, se divertir e voltar pra casa e abraçar seu pais. Estamos um pouco aliviados, pois nossos filhos não voltarão, mas deixarão o seu legado.

Já dentro do ônibus, a auxiliar de limpeza Marines dos Santos Barcelos, 48 anos, e mãe de Roger, uma entre as 242 vítimas da tragédia, disse voltar mais aliviada:

- Justiça foi feita. Vamos deixar nossos anjos e nossos corações descansar.

Para a fiscal de prevenção Jeneci Bica Oliveira, 57 anos, mãe de Danrlei, uma das vítimas de 27 de janeiro de 2013, a lei se fez valer, mas nada se equipara a perda do filho:

- Meu filho saiu da boate asfixiado e dentro de um caixão. Eles (condenados) saíram do plenário sem algemas e em liberdade. É difícil.

UM DIA DEPOIS

No sábado, menos de 24 horas depois da leitura da sentença, os familiares e sobreviventes da Kiss se reuniram com as equipes de apoio e os voluntários que os acolheram durante o período em que estiveram em Porto Alegre, como forma de agradecimento ao suporte, carinho e empatia recebidos. A ação foi reservada e não pode ser acompanhada pela imprensa.